“Habemus Papam”: entre a tela e a fumaça branca.
No último domingo à noite, decidi assistir a um filme que já aguardava há certo tempo: Conclave. A obra retrata os bastidores de um conclave papal, explorando com precisão o conflito entre as alas progressistas e conservadoras da Igreja Católica.
No último domingo à noite, decidi assistir a um filme que já aguardava há certo tempo: Conclave. A obra retrata os bastidores de um conclave papal, explorando com precisão o conflito entre as alas progressistas e conservadoras da Igreja Católica.
Talvez você já tenha visto algum trecho ou comentário — na última semana, o filme teve um aumento de 283% nas visualizações. Na segunda-feira pela manhã, acordei com a notícia do falecimento do Sumo Pontífice, o Papa Francisco. Coincidência pesada.
Ouvi e li algumas críticas dizendo que o filme é “meio parado”. Ora, o enredo gira em torno da política interna da Igreja, não se pode esperar muita ação. Mas o filme é bom, e entrega o que propõe.
É claro que fica impossível não relacionar a ficção com a realidade: desde o quarto onde morre o papa até o cardeal suspenso de suas funções.
Mas o ponto que mais chama atenção é que, tanto na ficção quanto na vida real, o Papa se preocupa com seu sucessor. Embora não haja nenhum registro público de que o Papa Francisco tenha manifestado preocupação explícita com a possibilidade de um sucessor conservador, ele tomou atitudes para tentar manter a Igreja em uma linha progressista, distante do movimento conservador global.
Durante seu pontificado, Francisco nomeou cardeais alinhados com sua visão de uma Igreja mais inclusiva e socialmente ativa — como, por exemplo, a nomeação do cardeal Robert McElroy como arcebispo de Washington, conhecido crítico de Trump.
A maioria dos cardeais com direito a voto foi nomeada por Francisco, o que garante uma forte presença progressista no próximo conclave. Ainda assim, existe uma ala conservadora que busca emplacar um Papa com perfil mais tradicional — alguns, inclusive, defendem o retorno das missas em latim.
É importante lembrar que o Papa não é apenas o chefe da Igreja: é também Chefe de Estado, última instância judicial dentro da Igreja e, em muitos casos, mediador internacional. Tais atribuições tornam as eleições papais relevantes não apenas para os católicos, mas para o mundo todo.
Especialistas apontam alguns nomes entre os favoritos ao papado. No entanto, como diz o provérbio: “Quem entra papa no conclave, sai cardeal.” O próprio Francisco não era listado entre os favoritos e foi eleito — assim como João XXIII e João Paulo II.
Vou tomar a liberdade de indicar três filmes em que o Papa é figura importante: O Poderoso Chefão III, Dois Papas e Conclave.
O conclave que elegerá o novo Papa deve começar entre os dias 6 e 11 de maio, e não há prazo para terminar. Na história, já houve conclaves que duraram de três anos até apenas dez horas.
Agora, só nos resta aguardar: Habemus Papam!